Quando éramos crianças, parecia que não existia risco de brincar na rua. Jogávamos bola, taco; andávamos de bicicleta e de skate. Praticávamos esportes e éramos muito felizes e mais próximos dos nossos amigos. Por consequência, nossos pais também eram mais próximos dos pais dos nossos amigos. Todos os vizinhos se conheciam bem, se ajudavam muito.
Hoje em dia, com o estilo de vida da classe média ou acima, brincar na rua já não é tão seguro. As crianças só brincam no playground com supervisão de adultos. Com isso, praticar esportes virou uma atividade social que as crianças só fazem em academias ou clubes, afastando-as dos vizinhos. E os pais, consequentemente, mal conhecem o vizinho da porta ao lado.
Mas como se aproximar desse vizinho? Quais são os interesses em comum? Tudo o que você sabe sobre ele é o que consegue ouvir pelas paredes finas que separam suas casas. Você sabe o time que ele torce pelos gritos em dia de jogo. Sabe que ele viaja muito por todas as vezes que cruza com ele no elevador com mala na mão. Depois de muito pensar, você simplesmente decide que não precisa conhecê-lo. Você já viveu tanto tempo sem saber quem ele é, pode ficar assim para sempre! Melhor, pode até passar a desprezá-lo, já que ele também nunca se mostrou muito interessado em conhecê-lo. Melhor assim, cada um na sua, cuidando da própria vida, certo?
Até que um dia você finalmente consegue marcar aquela reunião que está tentando a meses. Chega para a visita naquele cliente importante e descobre que o comprador, que pode fechar o pedido que você sonha, é o seu vizinho! Sua cara é uma mistura de surpresa, alegria e constrangimento. O seu vizinho não consegue disfarçar a decepção de ser atendido por alguém que o vem desprezando. E agora? Como reverter uma situação totalmente negativa em um pedido tão desejado? Um pedido de desculpas pode soar falso. Uma brincadeira, pode ser muito inapropriada.
Como não estamos falando sobre técnicas de vendas e sim sobre networking, melhor agir preventivamente para nunca ter que passar por uma situação tão embaraçosa. Conhecer seu vizinho não é importante só se você trabalha em vendas. Ele pode, por exemplo, te ajudar quando você não estiver em casa e vice-versa. Mas se você, sim, depende de relacionamentos interpessoais no seu trabalho, é muito importante conhecer as pessoas que vivem perto de você. E a melhor maneira de se aproximar dessas pessoas e através de atividades sociais e esportivas que acontecem na sua rua, vila, prédio, ou condomínio. Se elas ainda não existem, você pode tomar a iniciativa de organizá-las, nem que seja a festa de aniversário do seu filho.
Um dos maiores eventos esportivos entre vizinhos está acontecendo esse mês em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo. A cada dois anos, o Alphaville Tênis Clube (ATC) na cidade de Barueri organiza a Olimpíada Inter-Alphas. Nesse ano o evento chega a sua décima edição, reunindo mais de 5.000 participantes; todos vizinhos em um dos quinze residenciais de Alphaville, Tamboré, Aldeia da Serra, entre outros condomínios da região. O evento conta com quase 1.000 jogos em 22 modalidades distintas. Além dos jogos, esses vizinhos ainda se mobilizam em uma ação social na Campanha do Alimento. Nela, todos são convocados a contribuir com uma quantidade de alimentos não-perecíveis. As equipes que colaboram ganham pontos na competição. Os mantimentos são encaminhados aos fundos sociais de solidariedade das prefeituras de Barueri e Santana de Parnaíba. Em 2008, na nona edição do Inter-Alphas, foram arrecadadas 15 toneladas de donativos.
Os condôminos se mobilizam para formar as equipes, promover os treinos, comparecer aos jogos e comemorar os resultados. O esporte une as pessoas em torno de um objetivo em comum! Nessas ocasiões, vizinhos que mal se falavam passam a se conhecer melhor e muitas amizades acabam se formando, sem falar nas oportunidades de negócios surgem de um bate-papo informal. Mesmo que seu vizinho não seja o comprador que vai fechar o pedido dos seus sonhos, pode ter certeza que ele poderá abrir muitas portas para você, não apenas profissionais.
A força da rede de contatos de um indivíduo não dá para ser medida, nem vista. Mas experimente exercitá-la e vai sentir sua intensidade!
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