Há 7 anos, quando o Brasil foi anunciado pela
Federação Internacional de Futebol (FIFA) o país-sede da Copa do Mundo, os mais
otimistas exaltavam os benefícios que um dos maiores eventos esportivos do
mundo traria para o País. Aeroportos super modernos, sistemas viários
eficientes, impacto positivo na economia com a chegada de turistas de todas as
partes do planeta eram apenas algumas das esperanças dos brasileiros. Passadas
algumas semanas do final da Copa das Copas, o qual foi realmente o legado para
as pessoas que receberam tão bem os turistas? É sabido que nossos aeroportos
foram remendados às pressas. As obras de mobilidade urbana ficaram inacabadas
em todas as cidades, sem falar nos orçamentos estourados por conta de
superfaturamentos e escândalos de corrupções. A economia quase parou nos meses
de Junho e Julho. Empresas deixaram de investir no Brasil e a população,
receosa do que está por vir, deixou de gastar.
Se quase nada do que se esperava foi concretizado,
podemos afirmar que esse megaevento esportivo não deixou nada de bom para o
povo brasileiro? Será que tudo não passou de um desperdício enorme de recursos
públicos, que serviram apenas para entreter os poucos bem-afortunados que tiveram
condições financeiras de prestigiar as partidas nos estádios colossais construídos
especialmente para o Mundial? Felizmente, nem tudo foi negativo. Além dos
estádios, que o Governo promete ter retorno do investimento com outros eventos não-esportivos,
a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 deixou algo totalmente intangível, mas de
enorme valor – uma troca intensa de culturas entre visitantes e visitados. Mais
de 600 mil pessoas de 186 países desembarcaram no Brasil em busca de
experiências inesquecíveis ao longo de pouco mais de um mês de campeonato.
Vou usar a minha Cidade Natal como exemplo
de interação com os turistas. A cidade de Santos-SP, já acostumada a receber estrangeiros
nos seus famosos cruzeiros marítimos, recebeu as Seleções do México e da Costa
Rica, enquanto a vizinha Guarujá hospedou a Bósnia-Herzegovina. Além de
torcedores vindos desses 3 países, as cidades do litoral paulista também
receberam turistas de outras partes do mundo, que encontraram nessa região boa
mobilidade para viajar pelo Brasil. Imagine como foi rica a troca de
experiências entre esses milhares de visitantes com a população local. Muitos
habitantes dessa região jamais teriam a oportunidade de conhecer “in loco” a
cultura de outros Países. Entretanto, com essa convivência prolongada, eles puderam
conhecer melhor os costumes e hábitos desses visitantes sem ter que sair de
casa.
Esse laço cultural fica ainda mais forte
com o uso globalizado das redes sociais. Uma amizade que começou na praia pode
durar por anos com a sensação de proximidade criada pelo mundo virtual.
Visitantes e visitados continuarão trocando experiências, não apenas culturais,
mas sociais pelas comunidades virtuais. Milhares de conexões interpessoais inusitadas
criadas em torno dessa Copa formaram novas redes de relacionamentos improváveis
que não seriam possíveis sem um evento desse porte em nosso País. Essas redes também
formaram ambientes de colaboração pessoais e profissionais que desconhecem
fronteiras e nem barreiras de idioma. Uma relação pessoal que começou em uma
cidade que nem era sede da Copa pode se transformar em muito mais que uma
simples amizade. A proximidade entre profissionais que não se conheceriam sem a
interferência desse evento esportivo pode se transformar em uma parceria de
negócios muito promissora.
Por tudo isso é que podemos afirmar que um
dos maiores legados deixados pela Copa das Copas não pode ser visto, visitado
ou medido. O networking entre nações não pode ser tirado de você e é uma
riqueza adquirida sem que você tenha pago nada por ela (pelo menos, não
diretamente). Por isso, se você foi um dos felizardos que experimentou essa
saborosa mistura cultural, não deixe essa oportunidade morrer. Se conecte e
faça um bom uso do networking da Copa!