As relações por interesse existem em todos os lugares, mas é no meio empresarial que elas predominam e podem ser percebidas mais facilmente. Relações interpessoais entre chefe e subordinado, vendedor e comprador, empresários, colegas de trabalho, são baseadas, muitas vezes, no que ambos podem conseguir de benefício profissional e/ou pessoal. Uma promoção, uma boa venda, uma parceria e até mesmo uma informação privilegiada são boas recompensas pagas pelo relacionamento. Obviamente, quanto maior o prêmio, mais intensa essa relação se torna e mais evidente é o interesse em se manter tal relacionamento.
A relação de um vendedor com um comprador, por exemplo, é tão marcada por interesses, que os tais benefícios podem ultrapassar a questão ética. Isso ocorre sempre que o comprador coloca seus interesses pessoais acima dos interesses do seu empregador. Para desestimular práticas pouco ortodoxas, empresas que lidam com compras massivas, tais como redes de varejo, mantêm vigilância constante nas salas de compras – monitoramento por câmeras, paredes de vidro, ou até mesmo mesas de reunião no meio do escritório para que todos ao redor possam acompanhar as negociações. Infelizmente ainda existem vendedores que priorizam o resultado imediato e não a relação. Existe pouca diferença entre esse tipo de vendedor e uma garota de programa. Fato é que um deles é pago para prestar seu serviço com paixão! E você sabe de qual estou falando.
Claro que não é nenhum pecado ou crime estabelecer relações baseadas em interesse. Aprendemos desde cedo a nos aproximar de quem temos algum tipo de afinidade. Nos cercamos de colegas que gostam das mesmas brincadeiras. Procuramos parceiros(as) pelos atributos que nos interessam. Queremos trabalhar com aquele chefe que se interessa por nossa habilidade. Nos aproximamos de quem queira compartilhar seus conhecimentos. Não existe mal nenhum nisso. O que, sim, está errado é limitar nossas relações pelo imediatismo do retorno que elas nos proporcionam. Se você parar para analisar quais são as pessoas que estão a sua volta nesse momento da vida, profissional ou pessoal, a grande maioria pode proporcionar algum benefício a curto prazo.
E por onde andam aqueles colegas do prédio, os amigos do colégio, o primo-quase-irmão da infância? Eles não fazem mais parte da sua vida. Será que é porque não trazem nenhum retorno imediato? Então, porque perder tempo com eles agora? Certamente você está pensando: “Quando eu tiver um tempo dou uma ligada!” ou “Se eles não me procuram, porque eu tenho que fazer isso?”. Cada um deve ter seguido a sua vida e já não compartilham da mesma realidade, muito menos de interesses em comum. Errado!!!
Todos os relacionamentos são igualmente importantes! Mesmo que não lhe tragam benefícios imediatos, trarão de volta, no mínimo, boas recordações. A melhor parte, entretanto, de se retomar esses tipos de relacionamentos é a surpresa do retorno que elas podem proporcionar, até no curto prazo. Você certamente já ouviu alguma estória de um encontro casual com um amigo de longa data e que acabou abrindo portas para algo importante. São coincidências aparentes, mas que não aconteceriam sem a tal casualidade. Então por que esperar pelo inesperado? Tome a iniciativa e procure aquelas pessoas que tiveram alguma importância na sua vida.
Se você vai visitar sua cidade-natal, por que não marcar uma visita a um amigo de infância? Se vai viajar a negócios para outra cidade, lembre-se de quem vive por lá e agende um happy-hour. Na semana passada, eu fui viajar para outro país. Já tinha cinco reuniões marcadas com clientes para os dois dias da visita. Mas aproveitei que tinha espaço na agenda e tive outros cinco encontros que não estavam relacionados com a razão principal da viagem. O resultado é que tive o prazer de me reaproximar de pessoas que já foram importantes no passado e que seguramente me ajudarão no futuro.
Existe um provérbio que diz: “As pessoas que passam por nossa vida deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”. Exercite seu networking. Faça com que essas pessoas continuem passando por sua vida! Aceite o que elas podem deixar e entregue para elas o que você tem de melhor!
Esse provérbio que você citou e de autoria de Antoine de Saint-Exupéry: "Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
ResponderExcluirParabéns pelo texto.