Não existem registros claros de quando os cognomes, sobrenomes ou nomes de família passaram a ser adotados. Existem alguns registros que essa era uma prática utilizada na Antiguidade na época da expansão do poderio romano. Esse povo possuía um sistema próprio de distinguir as pessoas. Porém, com a queda do Império Romano em 476 d.C. este sistema virtualmente deixou de existir. Com isso, na Idade Média (476-1453) somente o nome de batismo era utilizado para designar, distinguir e caracterizar as pessoas.
O s primeiros registros do uso de sobrenomes familiares como conhecemos
hoje, entretanto, foram encontrados por volta do século VIII. Na Inglaterra,
por exemplo, só passaram a ser usados depois de sua conquista pelos normandos,
no ano de 1066. Mas foi só no ano de 1563 que o Concílio de Trento concretizou
a adoção de sobrenomes, ao estabelecer nas igrejas os registros batismais. A
regra previa que o nome de batismo teria de ser um nome cristão, de santo ou
santa; e um sobrenome, ou nome de família.
No Brasil, a história dos sobrenomes é ainda mais turva.
Historiadores afirmam que nos primeiros dois séculos depois do Descobrimento, o
Brasil recebeu boa parte dos judeus portugueses e também do espanhóis, que
foram expulsos do seu país em 1492. Os chamados cristãos-novos ou “marranos” (apelido
pejorativo da época) foram convertidos ao cristianismo à força, por decreto de
Dom Manuel I, em 1497. Acredita-se que um em cada três portugueses que
imigraram para a colônia era cristão-novo. Como eles foram perseguidos no
Brasil por 285 anos pela Inquisição portuguesa, quem demonstrasse apego à
antiga religião poderia ser condenado à morte na fogueira dos “autos de fé”, as
cerimônias de penitência aos infiéis.
O dilema dos cristãos-novos brasileiros nos primeiros séculos do
país, então, era expor ou não o sobrenome da família fora de casa, sob risco de
ser identificado pela Inquisição e acusado do crime inafiançável de “judaísmo”.
O medo fez com que a genealogia dos descendentes de judeus portugueses e
espanhóis no Brasil se perdesse com a adoção de sobrenomes inventados. Existe
um mito de que os marranos tinham sobrenomes baseados exclusivamente em nomes
de plantas, árvores, frutas, animais e acidentes geográficos, mas existem
evidências que eles também adotaram os mesmos sobrenomes usados por
cristãos-velhos. O que se sabe é que muitos irmãos e esposos chegavam a adotar
sobrenomes diferentes na mesma família só para confundir os inquisidores. E
graças a mestiçagem brasileira, a grande maioria dos cristãos-novos se misturou
depois de uma ou duas gerações com outras culturas e raças.
Historiadores identificaram ao longo dos anos da Inquisição Portuguesa
mais de 14 mil sobrenomes oriundos de judeus da Península Ibérica no Brasil. Apesar de não ter existido nenhum sobrenome
exclusivo de cristãos-novos, os mais comuns foram Rodrigues, Nunes, Henriques,
Mendes, Correia, Lopes, Costa, Cardoso, Fonseca, Paredes, Álvares, Miranda,
Fernandes, Azeredo, Valle, Barros, Ximenes, Furtado e Silva. Aliás, tudo leva a
crer que esse último é o sobrenome mais comum do país. É sabido que o sobrenome
"Silva" foi dado a milhares de escravos trazidos para o Brasil
durante o período colonial e, com isso, começou a se espalhar pelo país e não
parou mais. Completam o ranking dos nomes de família mais populares no Brasil "Santos",
"Oliveira", "Souza" e "Lima", todos de origem
portuguesa e/ou adotados por marranos. Em geral, não existe parentesco entre
pessoas que levam esses sobrenomes.
À exceção dos casos acima, que perderam sua identidade devido a
fatores externos, muitos outros cognomes possuem, sim, uma história, um vínculo
forte com suas origens. Esse é o caso do sobrenome “Cavalcanti” (ou
Cavalcante). O clã dos Cavalcantis teve origem nos idos de 1560 quando um jovem
nobre florentino se casou com uma mameluca pernambucana. Até hoje, é provável
que as pessoas com esse sobrenome pertençam a esse clã e fazem parte da maior
família do país.
Vários outros sobrenomes de origem ibérica podem ser
classificados como sendo um patronímico, ou seja, tiveram sua origem no nome
próprio do fundador deste tronco familiar, como por exemplo Nunes, que é
patronímico do nome Nuno. O mesmo ocorre com Gonçalves, cuja origem é “Gonçalo”
(português) e Martinez com origem em “Martin” (espanhol). Situação semelhante acontece
em alguns sobrenomes ingleses quando estes terminam em "son", que
significa "filho". Assim um nome como John Richardson significa
"João, filho de Ricardo" (John, Richard's son).
Mas o que tudo isso tem a ver com networking? Tudo! É pelo nome
de família que conseguimos identificar rapidamente as conexões que uma pessoa
desconhecida tem com outra que já pertence à sua rede de contatos. Como já foi explicado
através do post “Por que os judeus trabalham tão bem seu networking?”(ler texto completo pelo link http://network4sales.blogspot.com.br/2011/10/por-que-os-judeus-trabalham-tao-bem-seu.html),
um dos principais dos judeus trabalharem tão bem o networking é a importância
dada ao sobrenome. Ele é muito mais que um mero complemento do nome. O
sobrenome para um judeu tem a mesma importância de uma marca para uma empresa.
Associada ao sobrenome está toda a tradição de uma família por gerações. Um
sobrenome está vinculado às conquistas e aos triunfos que os membros dessa
família obtiveram na sua história.
Por isso, dê muita importância para o seu sobrenome. Ele diz
muito sobre você e lhe conecta, para bem ou para o mal, com todos os outros membros da
sua família.
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