Quando comecei minha carreira, ainda como estagiário, eu admirava como os altos executivos da empresa se relacionavam bem com seus parceiros comerciais. Com algumas ligações, eles conseguiam chegar à pessoa responsável por aquele projeto que nossa empresa queria participar. Mais algumas ligações para outros contatos, e logo se formava uma rede em torno dessa pessoa para convencê-la a escolher nossa empresa como fornecedora dos equipamentos que ela precisava para tal projeto. Só bem mais tarde é que vim saber que o nome disso era networking.
Se você também já vivenciou situação parecida com essa, conclui então que os profissionais mais experientes trabalham melhor seu networking, correto? Não necessariamente! Isso pode até ser verdade para um executivo que trabalhe com relacionamentos com clientes ou fornecedores. Mas, em geral, os profissionais de outras áreas passam anos no exercício de suas funções, se relacionam com inúmeras pessoas, mas nunca se preocuparam em deixar esses contatos ativos.
Isso fica muito claro nas palestras que eu ministro. Os participantes com mais 25 anos de carreira não tem a menor ideia de quantas pessoas elas possuem na rede de relacionamento profissional delas. Quando essas pessoas, por exemplo, perdem o emprego nessa fase, se sentem totalmente desamparadas por não ter com quem contar. Suas conexões com o passado são tão fracas que elas ficam sem ter como reativá-las.
Isso acontece porque essas pessoas foram criadas de forma diferente das novas gerações. Há 40, 50 anos, nossas amizades tinham prazo de validade. Nossos amigos de infância ficaram na infância. Os colegas do colégio se foram quando nos formamos. A turma da faculdade se dispersou depois da colação de grau. E o pessoal do trabalho vai se distanciando de você na mesma velocidade que você se distancia deles. Por mais que você se lembre do nome dessas pessoas e ainda goste muito de grande parte delas, você deixou que o tempo as separassem. E, como já falamos aqui várias vezes, “quem não é visto não é lembrado”!
Os jovens nascidos a partir da geração Y já vieram com um novo chip. Mesmo antes do surgimento das redes sociais, eles já sabiam como se manter conectados entre si através das suas fases da vida. Nas minhas palestras não é raro encontrar participantes com seus 20 anos que ainda mantenha contato frequente com os colegas de infância. Essa postura agregadora dos mais jovens faz com que o networking seja mais robusto e mais eficiente. Isso também explica a mudança no perfil dos profissionais na atualidade.
No passado, um jovem sonhava em entrar em uma grande empresa, começar por baixo, passar toda a sua carreira lá e, se possível, chegar ao topo da pirâmide organizacional. Hoje em dia, é difícil encontrar um jovem que esteja interessado em passar mais de um ano na mesma empresa. Eles têm sede de conhecimento, principalmente de conhecer pessoas que lhes ensinem algo. Em poucos anos já possuem uma rede de contatos extremamente valiosa e muito bem conectada. E quando eles enxergam o potencial desse networking, já se aventuram com seu próprio negócio. Não é coincidência que a maioria dos empreendedores sejam jovens!
Esses profissionais podem não ter a bagagem prática que os mais os experientes acumularam ao longo dos anos, mas eles conhecem pessoas suficiente que, somadas, agregam a mesma quantidade de conhecimento. A máxima desses jovens empreendedores é “eu posso não saber o que você está pedindo, mas sei quem sabe!”. Com profissionais cada vez mais jovens iniciando seus próprios projetos, normalmente atacando nichos, o mercado vem se transformando em uma imensa teia de micro-empresas que se complementam e se interagem vigorosamente.
Mas nem tudo está perdido para os profissionais mais experientes. Com a massificação das redes sociais, eles já estão começando a juntar os pedaços da sua história. Aos poucos os contatos vêm sendo restabelecidos e os laços se fortalecendo. O que ainda falta para esses indivíduos, entretanto, é aprender como trabalhar sua imensa rede de relacionamento a seu favor com transparência, reciprocidade e gratidão. Aí sim, os mais experientes poderão ensinar aos mais jovens como é que se trabalha bem o networking!
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