4 de mar. de 2011

O que congestionamentos podem nos ensinar sobre networking?

Não, eu não estou louco. Até uma coisa tão ruim como um congestionamento monstro em São Paulo, por exemplo, traz em si uma lição sobre networking. E não estou falando de você aproveitar o tempo perdido no trânsito para colocar o papo em dia com os amigos. Apesar que essa certamente é uma maneira de aproveitar bem as horas improdutivas dentro do carro. Na realidade o ensinamento não está no congestionamento em si, mas no que causa essa paralisação no trânsito.

Toda e qualquer malha viária, sejam rodovias, rotas aéreas ou simplesmente as ruas e avenidas de uma cidade, formam uma rede totalmente interligada, onde as vias são os elos e os cruzamentos são os nós. Alguns desses nós, chamados de hubs, tem maior importância por conectarem duas ou mais avenidas importantes. Em uma metrópole complexa com a cidade de São Paulo, entender bem essas interligações é fundamental para evitar congestionamentos. Quando você está parado no trânsito, pode até parecer que não existe uma engenharia por trás para evitar que isso ocorra. Entretanto, ela existe sim e é muito bem coordenada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP).

Apesar disso, são os fatores externos os principais responsáveis pelos congestionamentos, que inclusive já virou o principal cartão postal da cidade. Entre esses fatores estão desde uma manifestação popular, um caminhão quebrado, um acidente com um motoboy ou até um buraco na rua. Quando um desses eventos ocorrem em um hub, ou seja em um cruzamento importante, as consequências são logo percebidas em vários pontos da cidade. No mapa da cidade abaixo estão marcados alguns dos centros nervosos, ou hubs, da capital.


Um semáforo queimado no final da Av. Paulista, por exemplo, compromete o fluxo de veículos não só nesta via como também na Av. Rebouças, na Rua da Consolação, na Av. Dr. Arnaldo e na Av. Pacaembú. Como cada uma delas vai em uma direção da cidade, em poucos instantes tudo está comprometido. Em um outro caso, uma chuva forte suficiente para alagar o hub da Avenida 23 de Maio causa um efeito dominó em outros tantos. Foi isso que aconteceu recentemente na sua interligação com elos importantes, como a Av. Brasil, o túnel Ayrton Senna, a Av. Rubem Berta, a Av. Ibirapuera e a Av Sena Madureira.
 

Na teoria do networking os cruzamentos são seus contatos e, consequentemente, os hubs são aquelas “figurinhas carimbadas” que todos no mercado já ouviram falar. As ruas e avenidas são os laços que interligam vocês, são os graus de relacionamento. Então, se eu sou um hub representado pelo cruzamento da Av. Rebouças com a Av. Faria Lima e você é a ligação da Av. dos Bandeirantes com a Marginal Pinheiros, nós estamos muito próximos. Nesse caso a Marginal, via que nos une, é o ambiente onde nos conhecemos (trabalho, escola, futebol). Mas se você é o hub da Av. do Estado com a Av. D. Pedro I no Cambuci, mesmo sendo muito importante, aparentemente não está ligado comigo. Mesmo assim, ambos podemos sofrer interferência de um incidente que ocorra com nosso amigo em comum, o cruzamento da Radial Leste com a 23 de Maio.

Mas não são apenas os incidentes nesses cruzamentos que provocam os congestionamentos. O excesso de veículos nas vias primárias e secundárias são, na realidade, a principal causa. Transpondo esse cenário para a teoria do networking, é o mesmo que você e um amigo marcarem um encontro na platéia de um show de rock já em andamento. Mesmo que vocês marquem um ponto de encontro e eventualmente estejam próximos um do outro, o grande número de espectadores amontoados provavelmente não permiterá que vocês se encontrem.

Pense nisso enquanto estiver parado no trânsito tentando sair da cidade nessa sexta-feira de Carnaval. Você terá muuuuito tempo para refletir sobre networking e até consiga um tempo para ligar para um amigo e colocar o papo em dia. :-D

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