23 de jan. de 2011

O que é preciso para ser Ministro de Estado no Brasil?

Uma das primeiras atribuições de Dilma Rousseff no seu primeiro dia útil na Presidência da República foi empossar os 37 Ministros de Estado que formam o Poder Executivo e que a ajudarão a governar o Brasil nos próximos quatro anos. Ocupar um desses ministérios é uma das funções mais importantes do país.


Como acontece quando procuramos emprego, para conseguir uma boa posição precisamos apresentar um bom currículo educacional, qualificação técnica e experiência comprovada. É de se esperar então que os profissionais escolhidos para os cargos de Ministros de Estado sejam os mais preparados para ocupar suas pastas, certo? Infelizmente não! Então, o que é preciso para ser Ministro no Brasil? A resposta, via de regra, é o networking!

Prova de que o networking é o critério mais utilizado nas nomeações é a quantidade de Ministros filiados aos partidos que compõem a base aliada do Governo. Dos 37 ministros, 17 são filiados ao PT, 6 ao PMDB e 2 ao PSB. Os aliados nanicos PP, PDT, PR e PCdoB ficaram com uma pasta cada um. É sabido que as alianças partidárias, os conchavos políticos, são feitos antes das eleições com a contrapartida de nomeações futuras em diversos níveis do Poder Executivo.

Vamos citar alguns exemplos evidentes de networking nas nomeações para chefiar os ministérios de Dilma. O novo Ministro da Casa Civil Antônio Palocci (PT) é um antigo conhecido no cenário político brasileiro. Ele foi Ministro da Fazenda do governo Lula e deixou a pasta por causa do escândalo do "Mensalão". Palocci volta ao governo no mesmo posto ocupado por Dilma antes de ser eleita Presidente. Ele foi um dos coordenadores da campanha e sempre esteve próximo de Lula e do PT mesmo depois do seu afastamento.

Outro político que participou ativamente da campanha de Dilma foi o secretário-geral do PT José Eduardo Cardozo. Advogado e Deputado Federal por dois mandatos, Cardozo foi nomeado para ser o Ministro da Justiça. O novo Ministro de Ciência e Tecnologia também não tem as qualificações ideais para ocupar essa pasta. Aloizio Mercadante (PT) é economista e ganhou o cargo como prêmio de consolação depois de ser derrotado nas eleições para o governo paulista em 2010.  

Competência também não é um dos critérios utilizados na escolha de Ministros de Estado. Fernando Haddad (PT), que assumiu o Ministério da Educação em 2005 foi mantido no posto mesmo após dois episódios de má gestão relacionados ao Enem. O programa Prouni (Universidade Para Todos) perdeu credibilidade e milhares de estudantes foram prejudicados com esses eventos.

Mesmo chegando ao poder através do networking, existem casos de Ministros não técnicos que mostram competência a frente de suas pastas em gestões anteriores. Esses são os casos de Guido Mantega (PT), que foi mantido no cargo de Ministro da Fazenda que ocupa há cinco anos. Sob sua gestão, a economia brasileira cresceu de forma consistente. O Ministro dos Esportes Orlando Silva (PCdoB) também foi mantido na pasta e traz no seu currículo a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, e a conquista dos direitos para sediar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil e os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

Como toda regra tem exceção, pelo menos quatro Ministros possuem sim qualificação para ocupar esses cargos importantes. Esse é o caso do novo Presidente do Banco Central, Ministro Alexandre Tombini, que é funcionário dessa instituição desde 1995, onde trabalhou na formulação do regime de metas de inflação. A Ministra da Cultura Ana de Hollanda é irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda e foi diretora do centro de música da Funarte. Izabella Teixeira, nova Ministra do Meio Ambiente, é bióloga com doutorado em Planejamento Ambiental e funcionária de carreira do Ibama desde 1984. O Ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota foi embaixador do Brasil em Washington, e por isso tem boas relações com autoridades norte-americanas.

Qualificados ou não, merecedores ou não, ser Ministro de Estado é um emprego importante e muito bem pago. Eles recebem o teto salarial do Executivo (R$ 26.723,13) e ainda têm todas as despesas bancadas pelo governo, tais como moradia, alimentação, transporte, serviços médicos, segurança, escritórios regionais, etc. Além disso, os Ministros podem aumentar a remuneração mensal com a participação em conselhos de empresas estatais. Quando chefiava a Casa Civil, por exemplo, Dilma Rousseff dobrava o seu salário por participar dos conselhos da Petrobrás e da BR Distribuidora.

Então, se um dia você quiser uma “boquinha” dessas, é bom começar a trabalhar seu networking hoje mesmo!

2 comentários:

  1. A manutenção de Haddad e de Marco Aurélio Garcia (este, um não ministro) mancham qualquer aura de boas intenções.
    Aliás, acho que você se esqueceu de algumas outras indicações técnico-políticas, como foi definido na eleição, mas que nem é bom listar aqui...

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  2. Porque não colocaram tratoristas para pilotar o avião presidencial?

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