11 de jan. de 2011

É possível fazer 500 milhões de amigos sem fazer um inimigo?

Essa pergunta é a chamada do filme “A Rede Social”, ainda em cartaz nos cinemas brasileiros. O filme, inspirado no livro “Bilionários por Acaso”, conta os bastidores da criação do Facebook, o maior site de relacionamento do mundo que recentemente ultrapassou a incrível marca de meio bilhão de usuários. Quem, assim como eu, leu o livro e assistiu o filme vai concordar que, mais uma vez, a versão cinematográfica não retrata tão bem a trama quanto o livro, além de enaltecer muito mais as qualidades negativas do personagem central – o mentor intelectual e fundador do site Mark Zuckerberg.

Apesar de ser a peça central da trama, Zuckerberg não contribuiu nem para o livro nem para o filme. Ambos foram elaborados com os testemunhos das pessoas que, de alguma forma, interagiram com Mark desde antes da criação do site até recentemente. Como toda estória tem sempre três lados, com apenas uma versão fica difícil julgar se Mark Zuckerberg é um herói ou um vilão. O que todos concordam é que Mark já vinha colecionando inimigos muito antes de ter a inspiração para criar o site que o levaria ao estrelato.

Analisando a trama da criação do site encontramos diversos pontos relacionados ao networking. Um deles foi mostrado pela interconectividade da rede de computadores da Universidade de Harvard, que permitiram que o hacker Zuckerberg invadisse facilmente os bancos de dados de cada alojamento e criasse o site Facesmash.com. Outro ponto relatado com mais detalhes no livro é a forma com que empresas de renome da internet estão interligadas por seus principais executivos. Sean Parker, responsável por impulsionar o Facebook, é co-fundador do Napster e do Plaxo. Peter Thiel, fundador da firma de investimentos que fez o primeiro grande aporte de capital no Facebook, também é co-fundador do PayPal. Esse mesmo fundo contava ainda com a participação do criador do LinkedIn.

Os dois pontos mais emblemáticos relacionados ao networking, entretanto, são os Clubes Finais (final club) de Harvard e o efeito viral do Facebook.

Os Clubes Finais são instituições centenárias presentes nas mais importantes universidades do mundo e reúnem alunos que atendam alguns critérios do clube. A essência dos Clubes Finais é o relacionamento promovido entre os seus participantes. Muitos deles, depois de formados, se tornaram políticos poderosos, bem-sucedidos executivos, artistas cultuados ou atletas renomados. Como mostra o filme, fazer parte de uma dessas instituições é garantia de sucesso pessoal e profissional.

Por isso, os alunos de Harvard estavam sempre trabalhando em alguma iniciativa que os projetassem dentro da universidade, e assim, fossem convidados para participar do disputadíssimo processo de seleção de um dos Clubes Finais. O filme destaca dois desses clubes – o Porcellian e o Phoenix SK. O primeiro tinha como membros os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, que se consideram os verdadeiros mentores intelectuais do Facebook e processaram Zuckerberg por ter lhes roubado a ideia. Já o Phoenix SK foi o clube em que o brasileiro Eduardo Severin foi admitido. Eduardo era amigo de Mark e co-fundador do site quando ainda era chamado de thefacebook.com. Por ter sido excluído do Facebook, Eduardo também processou Mark.

O último e mais relevante ponto é o efeito viral que fez com que o site ganhasse projeção global em tão pouco tempo. O Facebook não foi o primeiro site de relacionamentos na internet. Antes dele, o Friendster e o MySpace já eram bem conhecidos, mas nunca chegaram nem perto do êxito da rede social criada por Zuckerberg. E o que explica esse sucesso?

É muito difícil encontrar somente uma explicação, mas seguramente a habilidade de Mark como hacker e programador fizeram muita diferença. A interface amigável do site faz com que os usuários consigam acompanhar as atividades de seus amigos de forma simples e intuitiva. Herói ou vilão, só ele teve a destreza de colocar em prática várias ideias coletadas com as pessoas que o cercavam, inclusive daquelas que o acusaram de roubo ou de falta de ética. Isso só prova que “são de atos e não de ideias que as pessoas vivem”! (citação de Anatole France)

2 comentários:

  1. Cometi o erro de ver o filme primeiro, agora fico sem vontade de ler o livro... ainda mais com minha atividade blogueira...
    parce que saiu outro livro contndo um outro lado da histórai. Difícil vai ser fazer outro filme tão bom como Rede Social. É verdade que a gente sai sem saber se Mark é do bem ou do mal, mas somente esse fato já leva para a resposta A, pois o escritor somente ouviu o lado acusador...
    Em outro ponto, minha chefia está recomendando o filme, como forma de se estudar 'Modelo de Negócio'. Interessante...

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  2. Eu acho que o filme mostra bem como os americanos fazem negócios. Trabalho com empresas americanas há vários anos e posso te dizer que as "puxadas de tapete" mostradas no filme são muito comuns e em alguns lugares até incentivadas.

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