3 de abr. de 2012

Você sabe qual é o motor que move a política e os políticos?

Os resultados das últimas eleições não deixam dúvidas. No Brasil, um candidato que almeja ingressar na vida pública não precisa de experiência anterior comprovada, de um currículo profissional impecável, e muito menos de bagagem acadêmica privilegiada. Entretanto, se este candidato quiser ser bem sucedido na carreira política, uma habilidade em especial deverá ser bem desenvolvida - o networking.

O que vai determinar o futuro de um político é a maneira como ele trabalha sua rede de relacionamentos. Em nenhum outro ambiente profissional a máxima "você é quem você conhece" é tão verdadeira. Mas "conhecer" apenas não basta. O político precisa entrar no círculo de confiança dos seus colegas de profissão. E essa tarefa é tão importante que muitos acabam dedicando mais tempo para construir alianças do que efetivamente trabalhando em projetos que defendam os interesses dos seus eleitores. Isso se justifica já que, se ele não conseguir montar rapidamente uma rede efetiva de contatos, dificilmente conseguirá levar adiante seus projetos no Legislativo. Se o político não conseguir apoio dos seus aliados, não vai conseguir mostrar serviço para quem o levou até lá, e consequentemente, jamais será eleito novamente e terá decretado o fim prematuro da sua trajetória política.

Que fique claro que não existe problema algum no exercício do networking entre os colegas de trabalho. O problema está no que vem com o tempo. Quando os políticos percebem que eles valem tanto quanto sua rede de "amigos", esse Valor se converte em Poder. E o Poder pode acabar corrompendo o político. Percebendo sua importância dentro dessa teia política, ele pode cobrar "pedágio" para ajudar outros companheiros a chegar aonde precisam. Mas vamos pensar que essa prática é a exceção e vamos explorar alguns exemplos para mostrar o poder que o networking tem dentro da política.

Um Vereador com boas conexões em seu município pode ser ajudado pela base aliada para se tornar Deputado Estadual. Fazendo conexões ainda melhores nessa esfera, pode logo ser catapultado para o Planalto Central. Nesse nível do Poder, o networking passa a ser ainda mais estratégico. Dependendo com quem ele se associa, pode chegar até a diretoria de uma agência reguladora ou de uma estatal, à uma posição de destaque em uma Secretaria, ou até mesmo em um Ministério. (saiba mais no texto "O que é preciso para ser Ministro de Estado no Brasil?" em http://network4sales.blogspot.com.br/2011/01/o-que-e-preciso-para-ser-ministro-de.html)  

Para deixar ainda mais claro o peso que o networking tem dentro da carreira política, vamos comparar um executivo de uma empresa privada e um homem público quando ambos têm a oportunidade de subir um nível dentro da estrutura organizacional a que estão inseridos. Em uma corporação, um executivo precisa participar de um processo seletivo rigoroso, onde são avaliadas não só suas conquistas passadas como sua capacidade e competência para enfrentar o novo desafio. Já o político que está prestes a ser nomeado a um cargo público precisa ter, antes de mais nada, um padrinho bem influente, que ele certamente conquistou ao longo de anos de networking. Quando assumi tal cargo, o nomeado pode até se mostrar competente para exercer o posto, mas jamais terá plena autonomia sob suas decisões uma vez que sempre terá que atender em primeiro plano os interesses do seu padrinho político.

Se você ainda duvida que o networking é o motor que move a política no nosso País, comece a observar a partir de hoje como ocorrem as sucessões nos cargos públicos mais estratégicos. Da próxima vez que um político desocupar uma posição, seja por ter sido afastado por corrupção ou seja por vontade própria, observe quem assumirá sua vaga. Em geral será alguém do mesmo partido que tenha sido indicado e previamente aprovado pelas lideranças dos partidos aliados.

Engana-se quem pensa que isso é uma exclusividade do Poder Legislativo. O networking também é o que move todos os políticos no Poder Executivo. Um político que almeja chegar à Prefeito, Governador e até mesmo Presidente só conseguirá se candidatar e concorrer às eleições se contar com o apoio de uma enorme rede de "patrocinadores", que precisam estar seguros que este candidato atenderá seus interesses políticos e eventualmente privados. Não importa se o político é de direita ou de esquerda. Todos eles têm a chamada "agenda política".

Por isso, antes de votar nas próximas eleições, procure saber quem está enchendo de combustível e lubrificando o motor do seu candidato. É você quem vai pagar essa conta depois! 

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