4 de out. de 2013

Quem vale a pena fazer parte do seu network?

Um dos segredos do sucesso de chefs renomados é a escolha de ingredientes que compõe um prato. Somente selecionando muito bem cada ingrediente é possível garantir que o resultado sairá conforme planejado na elaboração da receita. Já em networking isso não funciona. Um dos maiores erros que uma pessoa pode cometer é selecionar quem fará parte da sua rede de relacionamentos. 

Um erro ainda mais grave é achar que apenas os indivíduos em destaque, seja social ou profissional, são os que valem a pena fazer parte do seus círculos de amizades. No âmbito profissional, isso significa manter no seu network apenas altos executivos e empresários de sucesso. Isso pode até parecer bonito na teoria. É o mesmo que ter um álbum todo preenchido com as melhores figurinhas, ou melhor dizendo, com os maiores "figurões". Entretanto, essa coleção não traz resultados nada efetivos na prática. 

Conheço vários histórias de pessoas que contaram com a ajuda de quem elas menos esperavam nas suas maiores conquistas ou nas horas mais difíceis. Um dos exemplos aconteceu comigo mesmo. Quando eu estava nos últimos anos da faculdade, procurava uma vaga de estagiário, de preferência em uma multinacional. Mas como eu poderia conseguir uma vaga tão privilegiada, que só se encontrava nas poderosas corporações localizadas na Grande São Paulo, se eu estudava em uma faculdade que não era de primeira linha e era localizada há quilômetros de distância, em Santos? Foi aí que o networking entrou na minha vida pela primeira vez.

Um dia, comentando sobre os meus planos com a minha Tia Ana, ela se lembrou que conhecia um alto executivo que trabalhava na matriz da multinacional Siemens na Alemanha. O mais curioso é como eles se conheceram. Foi através de uma amiga em comum que jogava cartas semanalmente com ela em Peruíbe, ainda mais longe da capital paulistana. No encontro seguinte, minha tia entregou o meu CV para o executivo alemão, que o encaminhou endossado para a diretoria local. Em poucas semanas fui chamado para estagiar na subsidiária brasileira da empresa, onde fui efetivado anos depois.

Ao longo da minha vida aprendi que o valor das pessoas está no que elas representam para você e não no benefício que elas podem trazer. Gostaria de exemplificar usando alguns outros amigos. Uma grande amiga de hoje foi minha professora de inglês há quase 20 anos atrás. Outro amigo conheci como cliente em potencial. Mesmo nunca tendo fechado nenhum negócio, nosso relacionamento pessoal permanece até hoje. Outro grande amigo, com quem tive uma banda, tinha uma tapeçaria ao lado do escritório onde eu trabalhava.


Uma ex-professora? Um cliente pra quem nunca vendi? Um tapeceiro? Você pode pensar que não tem o que eles possam contribuir para o meu networking. Mas são justamente esses tipos de pessoas que me orgulho de incluir e manter ativos na minha rede de relacionamentos, porque sei que com eles posso contar sempre e poderão me ajudar mais que quaisquer "figurões"!