Um erro ainda mais grave é achar que apenas os indivíduos em destaque, seja
social ou profissional, são os que valem a pena fazer parte do seus círculos de
amizades. No âmbito profissional, isso significa manter no seu network apenas
altos executivos e empresários de sucesso. Isso pode até parecer bonito na
teoria. É o mesmo que ter um álbum todo preenchido com as melhores figurinhas, ou
melhor dizendo, com os maiores "figurões". Entretanto, essa coleção não traz resultados nada efetivos na
prática.
Conheço vários histórias de pessoas que contaram com a ajuda de quem elas menos esperavam
nas suas maiores conquistas ou nas horas mais difíceis. Um dos exemplos
aconteceu comigo mesmo. Quando eu estava nos últimos anos da faculdade, procurava uma vaga de estagiário, de preferência em uma multinacional.
Mas como eu poderia conseguir uma vaga tão privilegiada, que só se encontrava
nas poderosas corporações localizadas na Grande São Paulo, se eu estudava em uma faculdade que não era
de primeira linha e era localizada há quilômetros de distância, em Santos? Foi aí que o networking entrou na minha vida pela
primeira vez.
Um dia, comentando sobre os meus planos com a minha Tia Ana, ela se lembrou
que conhecia um alto executivo que trabalhava na matriz da multinacional Siemens
na Alemanha. O mais curioso é como eles se conheceram. Foi através de uma amiga
em comum que jogava cartas semanalmente com ela em Peruíbe, ainda mais longe da
capital paulistana. No encontro seguinte, minha tia entregou o meu CV para o
executivo alemão, que o encaminhou endossado para a diretoria local. Em poucas
semanas fui chamado para estagiar na subsidiária brasileira da empresa, onde fui
efetivado anos depois.
Ao longo da minha vida aprendi que o valor das pessoas está no que elas
representam para você e não no benefício que elas podem trazer. Gostaria de
exemplificar usando alguns outros amigos. Uma grande amiga de hoje foi minha professora de inglês há quase 20 anos atrás. Outro amigo conheci como cliente em potencial. Mesmo
nunca tendo fechado nenhum negócio, nosso relacionamento pessoal permanece até
hoje. Outro grande amigo, com quem tive uma banda, tinha uma tapeçaria ao lado do
escritório onde eu trabalhava.
Uma ex-professora? Um cliente pra quem nunca vendi? Um tapeceiro? Você pode pensar que não tem o que eles possam contribuir para o meu networking. Mas são justamente esses
tipos de pessoas que me orgulho de incluir e manter ativos na minha rede de relacionamentos, porque sei que com eles posso contar sempre e
poderão me ajudar mais que quaisquer "figurões"!